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Após o debate nas rádios (Ant1, RR, TSF), voltámos ao ponto zero. Nem dá para perceber a tendência que se vai seguir.
Antes do debate nas TVs havia uma linha ascendente da coligação. A agenda estava a ser marcada pelos disparates do PS, o desânimo entre os socialistas era evidente e os resultados das sondagens cerificavam o balanço.
Após este debate verificou-se uma tendência de forte recuperação do PS. Regressou o ânimo aos socialistas, a agenda foi terrivel para o governo - sondagens do debate, notícias de frustração na maioria, processo judicial com Miguel Macedo, insucesso da venda do Novo Banco... .
Com o debate nas rádios, voltámos à estaca zero.
António Costa manteve o registo e as mensagens. Correcto. A questão é porque não levou "trunfos", porque não apontou mais casos como fez no debate anterior... Era expectável uma atitude diferente de Passos Coelho. António Costa e o PS já o sabiam. Limitaram-se a esperar. Não tiveram o cuidado de preparar a novidade. Deixaram a iniciativa ao opositor.
Passos Coelho mudou, e muito. Deixou de fazer de morto a levar pancada e nem se queixava. Passou a ser assertivo, levou casos e aproveitou uma quebra no adversário.
Este balanço e a falha de António Costa remete para uma outra situação.
Muito mais do que o debate em si, até pela limitação da audiência da rádio fora do horário nobre, o relevante é o que os restantes órgãos de comunicação social vão noticiar.
Em particular as televisões. Mais, lembram-se do caso do PIB de António Guterres? A situação agora não teve a coreografia do "engasganço" de Guterres mas não deixou de ser aproveitada por Passos Coelho.
A dúvida é: até que ponto a coligação vai fazer do "lapso" de António Costa um caso? E qual a repercussão que vai ter nos órgãos de comunicação social.
A questão não é irrelevante. O líder do PS desenvolveu uma estratégia de crebilidade ao pedir um "estudo a académicos, as contas estão feitas e são transparentes". Uma estratégia muito eficaz. Os académicos emprestaram-lhe credibilidade e aproveitou a ausência de propostas da coligação para contrapor uma estratégia política. O problema é quando não se sabe a que corresponde os números apresentados. Aqui, há um caminho por explorar pela coligação que pode trazer problemas a António Costa.
No entanto, Passsos Coelho também foi vago nas suas propostas. Mudou o estilo mas não o conteúdo. Perguntado sobre o que pretende fazer no futuro, ele responde, o que estou a fazer no presente. Não é motivador, não projecta uma ideia, uma expectativa. Além do mais, o presente é muito contraditório.
Uma nota final. Este foi um debate. Os protagonistas assumiram o confronto com uma postura de resposta/contraresposta. No entanto, o mérito não é apenas dos líderes políticos.
A moderação dos jornalistas ajudou a que se conseguisse este objectivo.
Mantiveram a disciplina mas deixaram os protagonistas dialogar, ripostarem, deixá-los respirar. No debate das TVs foram interrompidos com mais frequência, havia uma grande preocupação com a métrica. Aqui, no debate na rádio, houve também uma preocupação com o conteúdo e o confronto.Muito melhor.
Manchetes online às 13.30h:
Expresso:Passos perguntou e Costa não respondeu: como vai poupar 1000 milhões na segurança social?
Observador: Em direto: "Quer ganhe quer perca", Passos negoceia pensões
Radio Renascença:Onde vai poupar mil milhões de euros em prestações sociais? Costa não responde
TSF:O debate Passos Coelho-António Costa
Publico: Costa assume baixa de impostos para a classe média, Passos não se compromete
RTP: Passos Coelho vs António Costa: recorde os principais momentos do debate
TVI24:"Baixaram o IVA, aumentaram salários e comemos com um resgate"
Correio da Manhã: Passos culpa PS pela austeridade
Sic Noticias: Passos Vs. Costa, o último debate tema a tema
DN:Passos muito mais ao ataque, Costa igual, Sócrates "ausente"
JN:Passos Coelho mais agressivo e António Costa mais nervoso
Actualizaçao.
Para estancar o problema criado no debate, António Costa falou aos jornalistas sobre o tema e, pouco depois, colocou este esclarecimento na sua página do Facebook:
PONTOS NOS IS
O que alguns comentadores consideram o "caso do debate" que hoje mantive com o líder da coligação de direita é verdadeiramente um não caso, que esconde a verdadeira falta de boas contas dessa coligação.
As prestações sociais de natureza não contributiva, pagas com impostos, têm um valor anual de 5.700 milhões de euros. Uma redução da despesa de 250 milhões por ano vale 4%. Não inclui as pensões para as quais todos contribuímos enquanto trabalhamos.
E reduzir a despesa por via da introdução da condição de recursos, em sede de concertação social, é reforçar a justiça e equidade social na gestão dos impostos dos portugueses.
Caso sério é o que propõe a coligação de direita : um novo corte nas pensões já em pagamento de 600 milhões € por ano e privatizar para sempre 6% da receita da segurança social. Isto sim , seria um caso sério.
Caso sério é ter um candidato a primeiro-ministro que esconde os números e que se entretém a deturpar os do Partido Socialista.
António Costa
Audiência: 1,272 milhões ouvintes