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A. Costa na SIC

25.06.15

entrevista é um instrumento muito relevante na comunicação política. Mais ainda quando se ocupa o "prime time".

 

Pontos negativos:

- António Costa estava mal vestido e/ou com má iluminação. Os planos mais próximos provocavam um efeito de estranheza, em particular devido ao casaco. Este começa a ser um problema recorrente. A imagem do último cartaz não é feliz. Esta semana apareceu nas tvs com óculos escuros que também provocam um efeito de estranheza (além da questão de que quando se esconde os olhos, falha a comunicação).

- António Costa deu alguma novidade, algo que ele próprio gostaria que fosse notícia nos outros órgãos de comunicação social? Não apresentou nada de novo, o que permitiu aos jornalistas utilizar para notícias uma grande diversidade de aspectos, alguns talvez não desejáveis do ponto de vista da comunicação política. Por vezes, mais importante do que a entrevista é o eco. O que os vários órgãos de comunicação social vão transmitir nas próximas horas (1)

 

Pontos positivos:

- Serenidade. Atributo positivo para quem quer ser primeiro ministro e dar um sinal de confiança. Algumas vezes criticou A. J. Seguro por este assumir exageradamente este papel, sendo pouco combativo. No entanto, esse era o registo certo e António Costa também o assumiu.

- Boa capacidade de explicação em problemas dificeis de comunicar: TSU e segurança social. Aqui esteve muito bem quando personaliza: a minha mãe, eu, os meus filhos...

- Apostou no que pretende ser o eixo da sua campanha: criação de emprego. O líder do PS tem falhado neste propósito mas hoje conseguiu colocar o tema no centro da sua comunicação política.

- Coerência com a questão José Sócrates. Talvez não fosse necessária a frase se o caso lhe "doi ou não", até pode azedar alguns "camaradas", mas o que disse é coerente e segue a estratégia (até agora eficaz) de evitar que o PS seja contaminado pela detenção do seu antigo secretário-geral.

 

(1) Sinal de que deixou em roda livre os jornalistas que vão trabalhar a entrevista é o resultado da pesquisa de noticias no Google, uma hora depois de terminar a entrevista:

António Costa: Esquerda em competição para ver quem é mais anti-PS (Negócios)

- "É preciso vencer com maioria absoluta. O país precisa de compromissos" (Noticias ao minuto)

- António Costa diz que muitos eleitores só decidem o voto na campanha (JN)

- Costa quer mais escalões do IRS (TVI)

- Costa desdramatiza sondagens e diz que muitos eleitores só decidem o voto na campanha (RTP)

- Costa defende descida da TSU obrigatória para trabalhadores. (SIC)

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publicado às 22:19

Dinâmicas

19.06.15

sondagem da Universidade Católica de junho, tem uma confirmação, uma surpresa para distraidos e uma forte dúvida.
Começo por este último aspecto: como se explica o BE duplicar o seu valor?
Segundo, a confirmação: os resultados reforçam a ideia das duas outras empresas de sondagens: empate entre a coligação e o PS. 
Terceiro, o que me parece mais relevante: a actualização coincide entre o momento actual e a fase em que António Costa era o "salvador" da pátria socialista. Entretanto, nestes oito meses, passou do estado de graça para o estado sem graça.
Ao contrário, PSD e CDS passaram do estado da desgraça para a esperança. "Afinal é possivel ganhar".
Estas são circunstâncias que podem mudar. No entanto, o que estes dados, no presente, realçam é uma forte inversão das tendências entre os dois maiores blocos partidários (mais ainda quando existe uma relação de proporcionalidade directa) e isso tem imenso peso na comunicação politica.
Em primeiro lugar a nível interno. António Costa avançou para a liderança do PS na sequência das Europeias porque "a vitória do PS soube a pouco." Agora, podem por em causa o argumento justificativo da crise entre os socialistas. Por outro lado, quem andava a resmungar às escondidas tem hoje um brilhozinho nos olhos - "ainda dizia ele que ía ganhar com maioria absoluta!"  Por outro lado, a motivação dos militantes e simpatizantes esfria. Alguns começam a interrogar-se: "afinal não vamos lá com o Costa"?
Mesmo em termos discursivos, a nível externo, começa a ser mais dificil de afirmar o objectivo de se querer uma maioria absoluta. E isto aparenta ter efeitos nos indecisos (e voto útil), já para não falar nos que não avançam de forma publica porque duvidam que, afinal, o PS chegue ao poder.
Ao contrário, a coligação passa para o renascimento. Dá força, cria expectativa e muitos que se auto-silenciavam começam a defender publicamente a obra deste governo.
A quatro meses das eleições este é um movimento que pode gerar uma dinâmica dificil de inverter.
A experiência democrática tem tido alguns exemplos. O caso mais evidente foi a gestão política dos governos de Cavaco Silva com maioria absoluta. Perdia as autárquicas, remodelava o executivo e entrava num periodo de recuperação até às Legislativas.

- Reacção do líder do PS: "António Costa diz que importante é vencer as eleições"

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publicado às 12:47

Comunicação errante

16.06.15

Está a ficar estranho.
Parece coisa de amadores. Não o são. Passos Coelho, Paulo Portas e António Costa são experientes e, aparentemente, com uma excelente gestão política.

No entanto:
- a coligação já deu "garantias" mas não se sabe nada do que defende no futuro.
Apenas o que não quer.

Nem existe o logo ou qualquer outro material de comunicação.

No site do PSD o lema é ainda o cartaz antigo - "Acima de Tudo Portugal".
Partilha a atenção com outras assinaturas - "Portugal no caminho certo" e, ainda, apresentam um teaser do tempo de antena do dia 17 já com o logo da coligação "Portugal à Frente".

No site do CDS também não há qualquer novidade sobre a coligação. Apenas uma foto de Passos Coelho e Paulo Portas e a home é identificada pelo browser com "Portugal é Capaz".

- Por sua vez, o PS de António Costa tambérm revela uma agenda errante.
Há pouco mais de uma semana, no encerramento da Convenção, disse que "o emprego é a prioridade das prioridades". No entanto, onde está a agenda sobre o emprego para dar continuidade à aposta que traçou?
Nesta semana falou sobre TAP, sobre emigrantes que se devem recencear, sobre TAP e sobre um relatório acerca do estado actual da saúde. A última iniciativa, hoje, foi uma reunião com autarcas do PS. Para falar sobre emprego? Não.
A agenda tem de ser repetida, tem de ter um curso, tem de ter pseudo-acontecimentos para direccionar a comunicação para os temas relevantes. Nada disto.
Com uma particularidade sobre a qual tenho a maior das dúvidas: no último mês António Costa e outros dirigentes do PS têm feito críticas fortes ao Presidente da República. Não é ele o adversário político do PS. Se essas criticas servissem de pretexto para criticar o Governo. Nem isso.

 

 

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publicado às 23:37

Passos. "Já conseguiram descobrir uma frase minha em que convido os jovens a emigrar?"

10.06.15

Não é chamado para o caso se é verdade ou mentira.
O relevante é a citação de Goebbels: "Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade".
Ou seja, porquê só agora a tentativa de Passos Coelho em anular uma ideia que se propagou durante dois anos? Porque não o fez mais cedo?
Só depois de estar assimilada pelo comum dos cidadãos é que reage!

Se, no entender de Passos Coelho, é uma afirmação que ganhou contornos de "boato" a reação devia ter sido imediata. É o que dizem quase todos os manuais de comunicação política: "Uma outra regra é evitar o arrastamento de situações equívocas. Mais se justifica se o ponto de partida for um rumor. Depois de confirmados os dados, não se perde tempo. A resposta tem de ser muito rápida, através de um desmentido.
O rumor não pode ganhar novos contornos e, por vezes até, uma falsa credibilidade.
"

Por inépcia nada foi feito. Agora, Passos Coelho e o PSD esperam mudar uma ideia que já foi assimilada pelos portugueses!
Se estava na cabeça de todos "e nos livros" que a Terra era o centro do nosso sistema solar como podia Copérnico afirmar a teoria heliocêntrica! Nem Galilei se safou de ir ao Tribunal do Santo Ofício.

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publicado às 00:04

O "Rigor"

08.06.15

A coligação teve uma reacção atabalhoada às propostas dos economistas que fizeram um levantamento macro-económico para o PS.
Pouco a pouco, PSD e CDS foram acertando o discurso.
Uma das mensagens que pretendem transmitir é a falta de rigor. A falácia dos números.
Se o documento tem a credibilidade emprestada pelo curricula dos seus autores, a coligação tenta minar este efeito.
Recorre ao medo. Do passado. Da hecatombe. Do resvalar da dívida.
Tem sido e (tudo aponta que vai continuar a ser) o discurso da coligação. Ainda hoje Paulo Portas afirmou que "Portugal se arrisca a voltar à bancarrota com o PS". 
Este discurso, certamente, tem uma base técnica. Não é mero improviso.
A explicação poderá estar na sondagem revelada pelo Expresso a 21 de Maio: "De acordo com os dados da sondagem da Eurosondagem para o Expresso e a SIC, 54,1% dos inquiridos não acredita nas promessas de redução de impostos. Contra apenas 31,4% que diz acreditar no que o PS está a prometer nesta pré-campanha."

A este ataque o que faz o PS? Ignora e tenta marcar a sua agenda ou contra-ataca (e segue a agenda do adversário)?
Os sinais é de que não ignora.
Quem visita o site do PS encontra no cabeçalho, a letras gordas "Confiança".
assinatura de muitos materiais de comunicação, até da própria Convenção, tem sido: "Alternativa de Confiança". Quando da apresentação do programa eleitoral o slogan era outro: "Fazer Juntos Fazer Melhor".

outdoor.jpg O cartaz recentemente lançado vai no mesmo sentido. A palavra "Rigor" aparece em destaque.
Todos estes elementos levam a considerar que o PS verifica que tem aqui um problema. Dar confiança à suas propostas.
Um problema que vem do passado recente.
Um problema que não se resolveu com a credibilidade emprestada pelos reputados economistas.
Um problema que está a ser aproveitado pela coligação para tentar reforçar este atributo negativo.
O último documento dos economistas que reafirmam a "segurança"das contas apresentadas procura ser um contributo para anular o efeito pretendido pelo PSD e CDS.
No entanto, até agora, a melhor resposta foi dada por António Costa no dia do encerramento da Convenção e esta segunda-feira: "Costa: eu diminuí a dívida da Câmara em 40%, eles aumentaram a do país em 18%". Contra factos não há argumentos. O prestigio alcançado na Câmara de Lisboa é um atributo que pode e deve valorizar.

Uma última observação sobre o cartaz de António Costa:graficamente é muito pobre. É pouco legível. Não se percebe o fundo. Com pouca luz não se consegue ler a assinatura nem o nome.
"Rigor" é rigor. Com lettering institucional. Forte. Não colorido como se fosse uma festa. O "O" colorido não lembra a ninguém quando se quer transmitir uma imagem de robustez, confiança, seriedade.
Fazia mais sentido um outdoor com o título da notícia atrás citada: "Eu diminuí a dívida da Câmara em 40%, eles aumentaram a do país em 18%"
Um outdoor espalhado por vários pontos do país é muito caro. Os outdoors são instrumentos relevantes de comunicação política. Assim, é esbanjar dinheiro. 

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publicado às 16:06

Marcação da agenda

07.06.15

PS e PSD andam entretidos a condicionar a agenda.

O PS anunciou prematuramente a data da Convenção. Deu trunfos ao PSD e CDS que tentaram antecipar o seu calendário.

O PS percebeu o erro e intercalou a apresentação das suas propostas, antecipando, por sua vez, a agenda à coligação.
O PSD voltou à carga. Nesta semana criou um pseudo-acontecimento com as garantias com o único objectivo de tentar condicionar a Convenção do PS.
Mal terminou esta iniciativa o PS colocou o programa eleitoral no seu site e procurou dar visibilidade através dos media. Logo a seguir.
Terminada a Convenção, na manhã de domingo, a ministra das Finaças anuncia que vai antecipar o pagamento de dívida ao FMI.

O curioso é que a transferência de Jorge Jesus para o Sporting anulou este jogo do gato e do rato. Nem garantias nem programa do PS. Uma devastação.
A seguir foi a noticia sobre a eventual prisão domiciliária de José Sócrates.

Conclusões:
- ainda estamos muito longe dos media darem grande relevância ao jogo eleitoral (se vão dar)
- a politica nacional não dá audiência.
- a agenda da imprensa que funciona como watchdog é mais eficaz e tem um efeito tremendo. Ontem o Correio da Manhã destacava os negócios de Lello. Hoje fala dos rendimentos de Marco António. Os indecisos e abstencionistas, os alvos preferenciais da comunicação do PSD e PS, assim, vão continuar muito distantes.

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publicado às 11:06

A sombra de António Costa

06.06.15

José Sócrates faz parte do teatro de sombras do PS. Voluntaria ou involuntariamente.

Primeiro foi no congresso de aclamação de António Costa.
Afirmou na altura o Observador que Sócrates, Aquele-Cujo-Nome-Não-Pode-Ser-Pronunciado foi uma das figuras que marcou o encontro.
Não admira. Tinha sido detido uma semana antes.
A agenda foi marcada pela Justiça. O que motivou algumas críticas mas rapidamente o PS tentou esvaziar a tese da cabala.

Agora, na Convenção, já tenho dúvidas sobra a marcação da agenda.
Pelo que conta o Público, José Sócrates e algumas pessoas próximas já teriam conhecimento há alguns dias da proposta do Ministério Público. Por outro lado, não havia urgência em ser tomada uma posição sobre esta proposta, muito menos publicitá-la.

Como se explica que tenha sido o advogado de Sócrates a tornar publico este dado duas horas antes do discurso de encerramento de António Costa na Convenção do PS?

(actualização em 9 de Junho) - Ver:

"Como Sócrates tramou Costa"

"Advogado de Sócrates fala em “coincidência” sobre a proposta de prisão domiciliária"

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publicado às 20:44

Sondagens e interdependências

06.06.15

Augusto Santos Silva chamou na TSF a atenção para sondagens que projectam os indecisos.
Com razão. Não se trata de um exercicio fácil e tem riscos elevados.
Um estudo realizado nesta legislatura mostrava que o passado não se esquece facilmente.
Há eleitores que ganharam uma profunda adversidade, mesmo em relação ao partido em que costumavam votar e, até, mais se identificam ideologicamente.
Deste modo, é arriscado conceber que, por exemplo, o passado do PS e o passado mais recente da coligação, não deixaram mazelas irreparáveis. Partir do pressuposto que algumas pessoas vão agir da mesma forma como o fizeram no passado pode originar distorções.

Segunda questão: no espaço público há apenas duas empresas a fazer estudos de opinião sobre o comportamento eleitoral. Muito pouco. Mais, com forte potencial porque é enorme o numero de indecisos/não sabe.

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publicado às 12:38

Os estragos da ministra das Finanças

06.06.15

sondagem da Aximage publicada hoje revela os (poucos)  estragos da declaração de Maria Luis Albuquerque sobre o corte nas pensõs.
Muito menos do que o esperado (esperemos pelo estudo da Eurosondagem).

O PSD agitou-se para tentar consertar os estragos, Não admira.
Os reformados e pensionistas representam quase metade do eleitorado social democrata.

A participação de ministros das finanças em acções politicas, habitualmente, não correm bem.
Vejam casos anteriores: Catroga, Sousa Franco...Teixeira dos Santos

O prestígio está associado a valores de confiança. São eles que gerem o nosso dinheiro, que recolhem com os impostos. É como o banco onde depositamos as nossas poupanças: escolhemos em função dos atributos confiança e robustez.
O perfil dos responsáveis das finanças deve corresponder a esta imagem. Com cabelos brancos e um curriculum irrepreensível.
Quando eles entram no jogo político ou mantêm este perfil ou rompem através do facilitismo (e destroem a sua reputação).
No caso, Maria Luisa Albuquerque falou como ministra das finanças numa acção partidária de pré-campanha eleitoral. Não deu certo e criou imensas feridas.

 

 

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publicado às 10:28



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