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PS e coligação entraram na guerra dos números sobre o emprego. Trivialidades. O que surpreende é que só agora o tema tenha entrado na contenda pré-eleitoral.
Há vários anos que o desemprego é a principal preocupação dos portugueses.
A última sondagem da Intercampus reforça, de modo muito destacado, o que preocupa os eleitores.
O PS, com António José Seguro, fez do tema uma bandeira.
O PS de António Costa andou com uma agenda errante e só no final da Convenção é que fez do emprego a prioridade das prioridades.
Mas não tem pegado no tema. Só de forma episódica e a comunicação política só funciona com repetição.
De certa forma, deixou espaço à coligação para tirar partido do tema que é central na vida dos portugueses e, como tal, na decisão do voto.
O outdoor foi hoje colocado em vários pontos e a mensagem já está em destaque no site da coligação.
A gestão do tema vai ser decisiva para as duas forças politicas. A coligação fez um primeiro ensaio. O PS reagiu mas não teve impacto. Na entrevista na SIC Passos Coelho retomou o tema e o líder do PS contrapõe: "Costa acusa Passos de enganar os portugueses".
Finalmente estamos a entrar nos temas vitais.
A entrevista é um instrumento muito relevante na comunicação política. Mais ainda quando se ocupa o "prime time".
Pontos negativos:
- António Costa estava mal vestido e/ou com má iluminação. Os planos mais próximos provocavam um efeito de estranheza, em particular devido ao casaco. Este começa a ser um problema recorrente. A imagem do último cartaz não é feliz. Esta semana apareceu nas tvs com óculos escuros que também provocam um efeito de estranheza (além da questão de que quando se esconde os olhos, falha a comunicação).
- António Costa deu alguma novidade, algo que ele próprio gostaria que fosse notícia nos outros órgãos de comunicação social? Não apresentou nada de novo, o que permitiu aos jornalistas utilizar para notícias uma grande diversidade de aspectos, alguns talvez não desejáveis do ponto de vista da comunicação política. Por vezes, mais importante do que a entrevista é o eco. O que os vários órgãos de comunicação social vão transmitir nas próximas horas (1)
Pontos positivos:
- Serenidade. Atributo positivo para quem quer ser primeiro ministro e dar um sinal de confiança. Algumas vezes criticou A. J. Seguro por este assumir exageradamente este papel, sendo pouco combativo. No entanto, esse era o registo certo e António Costa também o assumiu.
- Boa capacidade de explicação em problemas dificeis de comunicar: TSU e segurança social. Aqui esteve muito bem quando personaliza: a minha mãe, eu, os meus filhos...
- Apostou no que pretende ser o eixo da sua campanha: criação de emprego. O líder do PS tem falhado neste propósito mas hoje conseguiu colocar o tema no centro da sua comunicação política.
- Coerência com a questão José Sócrates. Talvez não fosse necessária a frase se o caso lhe "doi ou não", até pode azedar alguns "camaradas", mas o que disse é coerente e segue a estratégia (até agora eficaz) de evitar que o PS seja contaminado pela detenção do seu antigo secretário-geral.
(1) Sinal de que deixou em roda livre os jornalistas que vão trabalhar a entrevista é o resultado da pesquisa de noticias no Google, uma hora depois de terminar a entrevista:
- António Costa: Esquerda em competição para ver quem é mais anti-PS (Negócios)
- "É preciso vencer com maioria absoluta. O país precisa de compromissos" (Noticias ao minuto)
- António Costa diz que muitos eleitores só decidem o voto na campanha (JN)
- Costa quer mais escalões do IRS (TVI)
- Costa desdramatiza sondagens e diz que muitos eleitores só decidem o voto na campanha (RTP)
- Costa defende descida da TSU obrigatória para trabalhadores. (SIC)