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Desrespeito

07.10.15

Só se lembram de nós quando andam à caça do voto!
Esta é uma expressão comum, revela algum desprezo pelos políticos em geral.
Organizações políticas como o PSD, PS e CDS não podem ter essa atitude de desrespeito do eleitorado, dos cidadãos. Mas têm.

As eleições legislativas já lá vão. Hoje é quarta-feira, escrevo à noite e os sites oficiais das duas candidaturas ainda permanecem com os conteúdos como se estivesse a decorrer a campanha eleitoral.

Nem sequer uma notícia com os resultados. Nem um agradecimento a todos que contribuiram com o voto para o resultado final. Um texto dos líderes...nada!

Screen Shot 2015-10-07 at 22.47.07.png

Estas são as últimas notícias que estão visiveis no site oficial da PaF.
Continuam em destaque a lista de candidatos (deviam ser já os deputados eleitos) o programa eleitoral (podia ser a declaração de vitória e os compromissos assumidos nos discursos da noite eleitoral e o acordo entretanto assinado). Até a galeria de fotos morreu no último dia de campanha. Podiam, pelo menos, ter actualizado com fotos do dia da vitória.


Com o PS a situação é igual. O site oficial continua a redireccionar para o da campanha de António Costa.

Screen Shot 2015-10-07 at 22.53.10.png

Como se pode ver, o destaque é o slogan da campanha, segue-se o "Diário de Campanha".

A última notícia é do comicio de encerramento, na sexta-feira anterior às eleições.

Podiam ter um pouco mais de respeito pelas pessoas! Como já não precisam dos votos, não têm nada para lhes dizer?!

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publicado às 22:37

resultados: perdas e ganhos

05.10.15

Resultados sem contar com emigração:

- A PAF perdeu 833 mil votos

- O BE ganhou 267 mil votos

- Os "outros partidos" ganharam 215 mil votos

- A abstenção teve mais 214 mil votantes

- O PS ganhou 172 mil votos

- A CDU ganhou 3 mil votos

- Houve menos 36 mil votos brancos

 

Uma leitura simples:

Dos 869 mil votos (833 mil votos que a PaF perdeu mais 36 mil que deixaram de ser votos brancos) :

- 30.7% foram para o BE
- 24.7% foram para outros partidos
- 24.6% foram para abstenção
- 19.8% foram para o PS

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publicado às 22:57

vencedor na noite eleitoral

05.10.15

Estas eleições foram um exemplo de como o vencedor não depende do resultado mas da percepção que se quer transmitir na noite eleitoral.

Logo a abrir, às 20h, a PaF diz: "ganhámos". Ou seja, não nos roubem a vitória.
De seguida o PS comenta: não tivemos o que pretendiamos e está tudo em aberto. Por outras palavras, não reconhecem a vitória da PaF e não assumem a derrota.

Cerca de uma hora depois, novo round:
PaF: uma estrondosa vitória, quem ganha deve fazer governo e há um derrotado. Com isto, quer a aliança dizer que a  sua vitória é expressiva (reforça a primeira mensagem), acrescenta que não deve ser a maioria de esquerda a formar governo e acentua o derrotado: o PS. Para que todos percebam o resultado. Quem ganhou e quem saiu derrotado.

A fechar, desta vez a iniciativa é do PS  através do seu líder e já com um cenário que parecia de vitória: não alcançámos o pretendido mas somos nós a chave da governação. A Paf perdeu maioria absoluta. Não são os vencedores. Talvez a esquerda, mas quem decide somos nós e até colocámos já as condições prévias de diálogo.
PaF com Passos Coelho e Paulo Portas: o PS tem mau perder, não aceita a derrota. A PaF ganhou, vai avançar para a formação de governo, tem medidas positivas para dar aos portugueses e está disponível para negociar com o PS. Ou seja, já estão a pensar nas próximas eleições Legislativas.

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publicado às 22:46

Um homem só

28.09.15

costa2015.jpgA campanha do PS está a ser fortemente personalizada.
De tal forma que até o site do PS redirecciona para a página de campanha, cujo urll é http://costa2015.pt/ .
A imagem que surge recorrentemente é a do líder do PS. E uma das mensagens é "Junte-se a nós e participe no debate nas redes sociais usando o hashtag #COSTA2015 nas suas publicações".
A personalização é também marcante nos links oficiais para as redes sociais.
No Facebook funciona a marca "Costa 2015" e, obviamente a imagem recorrente é de António Costa. Hoje, dia 28 Setembro, tem "40.108 pessoas gostam disto".
Com a conta no Twitter passa-se o mesmo. No dia 28 Setembro, tinha 1378 seguidores.
No Instagram tem 776 seguidores.
No Flickr a página de António Costa tem doi seguidores.
Curiosamente, no Youtube a referência é do Partido Socialista e não a actualização que se encontra nas anteriores redes sociais.
Interessante é a opção para a apresentação dos candidatos. Todas as fotos são a preto e branco.
saliente-se ainda que o PS passou a ter uma edição digital diária do Acção Socialista.

Um homem só
No domingo anterior às eleições, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que António Costa que "António Costa é um homem só". Referia-se à componente política. NO entanto, esta situação não pode ser desligada da opção em termos de comunicação.
Quando do novo director de campanha, Duarte Cordeiro, foi tornado público que o PS iria centrar a sua campanha no líder. Funcionava bem no terreno, em campanha. Por outro lado, consideravam que o valor de António Costa superava o valor do partido.
Esta opção centrou toda a comunicação em António Costa e personalizou fortemente a campanha do PS.

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publicado às 22:57

pré-balanço

28.09.15

O balanço é ainda cedo para fazer.
Mas, a uma semana do fim da campanha, já possível avaliar algumas das particularidades desta campanha eleitoral.

a) a campanha vai morna. Os pontos alts foram os debates. Como, em função da nova legislação, desta vez todos os debates foram na pré-campanha, os pontos altos ficaram muito distantes do dia das eleições. Perdeu-se confronto, anulou-se expectativa.

b) no arranque deste processo e face ao aparente empate (nas sondagens e na capacidade de combate dos líderes do PS e da PaF e das respectivas candidaturas) criou-se a expectativa de que os debates podiam ser duplamente esclarecedores. Em relação ao conteúdo programático e também na tendência de quem podia ser o vencedor. Terminados os debate entre António Costa e Passos Coelho tudo voltou ao ponto zero. Em vez de desempatar, os debates empataram.

c) a clivagem e o respectivo efeito nas sondagens surgiu depois do debate. Quando António Costa recusou viabilizar o orçamento de um eventual governo minoritário da PaF. Junto com a recusa de diálogo sobre a Segurança Social, António Costa traçou um caminho. As sondagens evidenciaram o reflexo dessa opção.

d) as sondages entraram na nossa rotina. Ficará por determinar o efeito. Mas aguardo que me expliquem, do ponto de vista científico, o valor de uma sondagem com uma amostra efectiva de 100 pessoas. Cem!. Aguardo também que me expliquem como se misturam sondagens no espaço público em que, umas, têm uma taxa de erro de 3% e a outra de 9.8%!

e) são tantas as sondagens e o ruído que provocam é de tal forma grande que não se faz política. Discutem-se expectativas e cenários.

f) os indecisos. Dizem que o número é elevado e que se manteve ao longo da campanha. Não é elevado em função de eleições anteriores. Manteve-se e a explicação não é fácil. Talvez por ser a primeira eleição para a Assembleia da República onde muitos portugueses percebem que o centro de decisão não está no governo português? Juntando ao desencanto?

g) do ponto de vista da comunicação política não houve inovação. Zero. Onde houve mais criatividade foi nos erros.

h) Ainda do ponto de vista da comunicação política, duas notas. Passos Coelho tem um estilo pouco mediático. Falso. A sua forma de comunicar não produz soundbytes mas parece revelar-se eficaz. Veja-se como ofuscou o parceiro, Paulo Portas, eximio comunicador. Segunda nota: o renascimento da liderança do Bloco. Durante muito tempo Francisco Loução era a referência. Muito dificil de substituir. Catarina Martins superou esta dificuldade.

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publicado às 16:37

cansativo

21.09.15

Nos últimos dias a campanha entrou na fase do aborrecimento.
Os líderes partidários repetem as suas mensagens. As mesmas ideias, palavras repetidas até à exaustão, o cenário de rua e a mesma pose.
A PaF acusa o PS de ir fazer cortes de mil milhões na segurança social. Por sua vez, o PS diz que o seu adversário é que quer cortar 600 milhoes nas pensões.
Números, números e nada de criativo.
Nem a cobertura dos media. Genericamente repetem a estrutura narrativa: imagens de rua, diálogo com cidadãos, imagens de rua, declarações aos jornalistas, vivo do jornalista.
A campanha entrou hoje no primeiro dia. A continuar neste registo, vai ser cansativo.
Nem há "matraquilhos". Os holofotes estão dirigidos exclusivamente para os líderes. Esgotam o interesse dos jornalistas e nada mais entra no ecran.

Neste contexto a história revela o seguinte:
- cansaço dos jornalistas e a necessidade de procurarem histórias interessantes. Quebrarem a rotina. Por outras palavras, é um incentivo a desviarem-se dos cenários montados pelas candidaturas e procurarem "casos";
- Uma figura secundária pode marcar a campanha. Por declarações ou uma iniciativa polémica. Lembram-se de Carlos Candal, o candidato do PS de Aveiro, que nas Legislativas de1995 redigiu um manifesto anti-Portas?;
- cansaço dos eleitores e menor disponibilidade para ouvirem os dirigentes partidários;
- a possibilidade de um "outsider" inovar na comunicação e assumir um protagonismo inesperado;
- tendência para o discurso subir de tom. Maior agressividade entre os principais oponentes. O que se vai traduzir, depois das eleições, em acréscimo de dificuldades no diálogo e entendimento interpartidário.

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publicado às 21:49

marketing/comunicação política

06.09.15

A ausência desta distinção é talvez o maior problema da candidatura do PS às legislativas 2015.

Comunicação política é uma actividade genérica. Muito indiferenciada.
“O marketing politico afirma-se como um utensílio recente da comunicação politica. (...) É um conjunto de técnicas que têm como objectivo favorecer a adequação de um candidato ao seu eleitorado potencial, torná-lo conhecido do maior número de eleitores, criar a diferença em relação aos concorrentes” – Michel Bongrand em O Marketing Politico.

Em síntese, o marketing faz um diagnóstico, define um alvo a atingir, sabendo antecipadamente o que pensa esse segmento e qual o potencial de vitória que pode trazer à candidatura.

É o que está a fazer a PaF. Evitam a sobrexposição. A sua acção está dirigida para os indecisos que já votaram na direita. Procuram agora o contacto com esse eleitorado tentando mostrar que se justificou a politica seguida. Retomar uma ligação com alguém que já se conhece.

No PS a situação parece ser muito diferente.
Não é perceptível o alvo. Funcionários públicos? Desempregados? Reformados? Jovens? Descontentes em geral? Parece que o PS quer atingir todos. Não se posiciona de forma clara.
Uma vezes dirige a sua mensagem para a esquerda. Outras vezes diz que se identifica com Manuel Ferreira Leite.
Compromete-se mas não promete emprego....
Pretendem um registo de seriedade e moderação e em simultâneo fazem iniciativas de "tiro ao alvo" a dirgentes da coligação.
Criticam a exposição da mulher de Passos Coelho e depois colocam uma fotografia de António Costa com a mulher.

Não tem uma mensagem dirigida e, repetidamente, o líder é obrigado a clarificar o que disse anteriormente. O caso dos migrantes irem trabalhar para as florestas é mais um exemplo.

É estranho porque o PS tem tido colaboradores excelentes nesta área e António Costa é reconhecidamente um dirigente politico experiente em campanhas eleitorais.

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publicado às 00:35

estava tudo tão calmo

04.09.15

A um mês das eleições a campanha estava morna. Futebol e migração de países em guerra para a Europa dominavam a agenda dos media.
O dado político mais relevante foi a sondagem do Expresso que arrasta o empate técnico entre PS e PaF.
De repente regressa "a sombra de António Costa". José Sócrates vai para casa, em prisão domiciliária.
Na mesma noite António Costa comenta a decisão judicial. Muito cuidadoso. Tem sido este o registo do líder do PS.
O problema não residirá numa escorregadela de António Costa mas de outros dirigentes socialistas.
A campanha morna, defensiva (do PS e da PaF) corre riscos. Aliás, a manchete do Expresso de amanhã, sábado, chama a atenção para isto:  "Saída de Sócrates e sondagens alarmam PS".
Não me parece que a saída de Sócrates, em si mesma, influencie o voto dos eleitores. A influência na decisão já teve os seus efeitos. O problema está na forma como os socialistas vão gerir o caso. O PS tem dado sinais nesta campanha de muitas dificuldades de organização, de um trabalho sistematizado. Agora, corre mais um risco. Muitas perguntas, muitos comentários, visitas... a agenda vai ser "socrática". Se o PS não controlar de forma férrea a sua comunicação política pode ter muitos problemas e não conseguir marcar a sua agenda.
Passos Coelho continua a sorrir da sua janela...

Ver: "A dificil posição de António Costa" - Editorial Público

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publicado às 23:45

Debates

01.09.15

Começa hoje a série de debates das Legislativas 2015.
Podem ser um "aditivo" para a comunicação política eleitoral numa altura onde os portugueses dão sinais de indiferença à campanha eleitoral.Ou os responsáveis políticos perderam o norte em termos de comunicação política.
É provável que sejam ambos. Os portugueses não querem saber da política e os políticos não sabem comunicar com os portugueses.

Ouvi vários noticiários durante a manhã. TSF e Ant1. O tema dos debates foi abordado mas era uma das últimas histórias do alinhamento. Com pouca informação. Apenas a noticia do debate BE/CDU. A TSF tinha ainda um spot promocional. Nada mais. Na imprensa pouco mais.
Alguns exemplos: o Observador diz que "Apenas um em cada oito portugueses assiste a debates políticos" e o Público refere que "Debates televisivos influenciam, mas podem ter atingido alguma “saturação”".

Os debates são importantes na estratégia de comunicação política. Podem mesmo ser decisivos. Num contexto de empate tecnico entre PS e PaF os debates entre Passos Coelho e António Costa podem ter grande relevância.
O líder do PS sabe dessa relevância e até participou num media training.
Acredito que Passos Coelho tenha ou venha a fazer o mesmo. A diferença é que não vai ser divulgado.
Esta relevância é partilhada num telex da Lusa que acredita que os debates podem superar as audiências em relação a confrontos televisivos anteriores.

Lista dos debates programados:
Catarina Martins e Jerónimo de Sousa        1 Set. (vídeo) RTP-Informação (115 mil espectadores)

Catarina Martins e Paulo Portas                  8 Set  (vídeo) SIC-Notícias. (218 mil espectadores)
Passos Coelho e António Costa                  9 Set. (vídeo) RTP/SIC/TVI (3,4 milhões espectadores)
Passos Coelho e Catarina Martins             11 Set. (vídeo) RTP-Informação (136 mil espectadores)
António Costa e Catarina Martins              14 Set.(vídeo) na TVI24 (208 mil espectadores)
António Costa e Jerónimo de Sousa         16 Set na SIC-Noticias
Passos Coelho e António Costa                17 Set. (video) Ant1/TSF/RR (1,272) milhões ouvintes)
Heloísa Apolónia e Paulo Portas                18 Set  (vídeo)          TVI24

 

 

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publicado às 14:53

2x0=1

27.08.15

Há cerca de uma semana referi que PS e PSD não estão a fazer campanha. Fazem de mortos.
Rectifico. A coligação está a fazer: como governo, com enfoque nas “boas notícias”.

O Pontal está a fazer uma semana. Ao longo destes dias quais as iniciativas de campanha da PaF? Com eco nos media, só a Universidade de Verão. Nada mais.
Mas ministros não páram. Inaugurações são diárias. Conselho de Ministros responde a algumas forças de pressão. Até para os pescadores há um subsidio para estarem inactivos (na pesca da sardinha e na contestação).
Na verdade, porque PSD e CDS vão fazer campanha se as noticias recentes são positivas!
O propósito é bem evidente: “batemos no fundo, estamos a recuperar, é bom não voltarmos atrás”. Por outras palavras, estão a anular o motivo da mudança.
O challenger, deste modo, tem muito mais dificuldades. Por outro lado, de um modo frio, colocam-se os dois contendores na seguinte posição: um promete, o outro faz.
Neste contexto, não há de facto ausência de campanha da PaF. Todos os dias estão a fazer comunicação política. Difícil de contrabalançar.

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publicado às 22:44



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