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Ao contrário da campanha do PS, a PaF optou por uma comunicação não personalizada.
O site do PSD está com as cores da coligação e o conteúdo varia muito. Desde imagens de cidadãos anónimos, hino da campanha e o roteiro da campanha. Aparecem algumas imagens de Passos Coelho mas a comunicação não está centrada no líder social-democrata.
No site da coligação os conteúdos são praticamente os mesmo que estão no site do PSD.
É nas secções de notícias, fotos e vídeos que aparecem imagens dos líderes.
Curiosamente, nas redes sociais a mensagem é mais personalizada.
No Facebook a referência no urll é o nome da coligação mas o cabeçalho é a imagem dos líderes do PSD e do CDS. Em 28 de Setembro a página tinha "34.459 pessoas gostam disto".
No Twitter a situação é identica à do Facebook. Em 28 de Setembro a conta do Twitter tinha 1961 seguidores.
No Instagram, através das fotos é também visivel e imagem dos dois líderes. Em 28 de setembro a página tinha 836 seguidores.
No Flickr havia um único seguidor. A página tem um cabeçalho diferente. Apenas com as cores, o logo e a assinatura da PAF "Portugal pode mais". É o mesmo cabeçalho que está na pagina do Youtube. A conta no Youtube tem vídeos de iniciativas que tiveram lugar poucas horas antes.
Um dos soundbytes de Guterres: "as pessoas não são números".
PSD e PS não aprenderam. Só falam em números quando se pronunciam sobre o desemprego.
A política é feita para as pessoas. Com pessoas. Com retratos, casos pessoais.
Estatistica é abstração.
É curioso que nesta campanha pouco se fala de pessoas e não pára a retórica com números. Numa altura em que milhares de famílias se confrontam com problemas concretos e angustiantes.
INE anuncia dados sobre desemprego. Resposta do maior partido da oposição em título do Público: "PS acusa Governo de “fabricar estatísticas com fundos estruturais”.
Os principais partidos políticos querem evitar fissuras por causa das presidenciais. Mas, a última semana mostrou que há contágio entre as duas eleições.
Sondagens, anúncio de candidaturas, declaraçãoes de proto-candidadtos, pré-campanha dos candidatos assumidos, noticias, comentário nos principais meios de comunicação social....
As presidenciais estão a contaminar as legislativas.
Em particular os líderes do PS e PSD têm-se mostrado avessos a qualquer pronunciamento. No entanto, estão a ficar condicionados. De tal modo que, por exemplo, o PSD tenta justificar os comentários macios de Marcelo R Sousa em relação a António Costa como uma estratégia para melhor se afirmar na corrida presidencial (ver noticia no Expresso).
Por outro lado, sucedem-se os recados a tentar condicionar António Costa: que o PS vai dar em breve o apoio a Sampaio da Nóvoa, que o presidente do PS teve um encontro com o candidato presidencial e Carlos César e António Costa têm visões diferentes sobre o tema.
Já não há descontaminação possível.
A palavra confiança marca esta fase de pré-campanha. Cartazes, discursos e acusações tentam introduzir no eleitorado a ideia: "não confies no meu adversário".
O tema da confiança começou com a coligação a tentar assustar os portugueses sobre as propostas do PS. Não são confiáveis, podem ser um retrocesso... Paulo Portas não se cansa de o repetir.
De certa forma, esta acusação teve efeito porque levou o PS a assumir uma postura defensiva. Não se cansa de colocar em cartazes, outdoors e até nos cenários onde está António Costa, as palavras confiança e rigor.
Esta postura defensiva teve, no entanto, uma viragem.
A sondagem da Católica e a entrevista na SIC onde Passos Coelho foi questionado sobre a percepção pública de mentir, transformaram-se numa oportunidade para o PS passar à ofensiva. A mensagem do líder do PS na última semana não deixa de projectar esta ideia: Costa acusa Passos de ter um vício: julgar que “é possível enganar toda a gente o tempo todo” (Expresso)
As entrevistas dos líderes do PS e do PSD revelam um comportamento defensivo. Jogam apenas na erosão. Assim, vai ser ainda menos motivador, o processo eleitoral e abrem a porta a casos mediáticos.
António Costa deu duas entrevistas nas televisões em sinal aberto e em prime-time. Sem notícia, dados novos. Na defensiva. Cauteloso. Um discurso moderado, pose institucional e posicionamento ao centro.
Pedro Passos Coelho foi uma cópia de António Costa. A única diferença foi o cenário. Em S. Bento, para marcar o estatuto.
Uma análise mais profunda, sobre o posicionamento dos dois partidos face aos principais problemas dos portugueses (a estratégia nacional e o condicionamento internacional) ajuda a perceber que não há diferenças assinaláveis entre as duas forças políticas.
No inicio do processo de ajustamento havia uma fronteira ideológica.
O PSD liberal, dinamizador de uma pretensa revolução do Estado (retirando o peso na sociedade) e a ideia de um país novo. Estas particularidades desapareceram. A aproximação foi feita também no discurso e no posicionamento. Exemplo: as bandeiras do PS são emprego e crescimento económico. As bandeiras do PSD são crescimento económico e justiça social/emprego.
Com um posicionamento idêntico (ao centro), com um eixo de campanha igual ("nós vamos tirar o país da austeridade a que o outro partido nos submeteu" ) com bandeiras parecidas e com uma postura igualmente moderada e defensiva, PS e PSD tornam-se o Dupont e Dupont (será Paulo Portas o elemento diferenciador?).
Se nos próximos meses os dois partidos caminharem lado a lado, como uma linha de caminho de ferro, abre-se uma oportunidade para outros ocuparem o território da novidade, da alternativa, da mudança, da surpresa. Tendo em conta os estudos de opinião, quem ocupar este espaço não vai ganhar as eleições. Nem pensar, o eleitorado prefere o previsivel. Mas pode ganhar relevo, espaço... e votos.
O que remete para uma outra questão. O PS tem dificuldades em superar os 37/38 pc. O PSD e o CDS, coligados, também revelam dificuldade de crescimento. Sobem, mas muito ligeiramente e o resultado final fica muito aquém do somatório dos dois partidos nas eleições anteriores. Se pouco fazem para alargarem a base eleitoral, fora do centrão, e podem deixar a outros o espaço mediático da mudança, estão a dificultar a sua capacidade de crescimento.
O receio de perderem o que têm impede de se aventurarem na conquista de mais eleitores. Estão confinados. Como o país.
A sondagem da Universidade Católica de junho, tem uma confirmação, uma surpresa para distraidos e uma forte dúvida.
Começo por este último aspecto: como se explica o BE duplicar o seu valor?
Segundo, a confirmação: os resultados reforçam a ideia das duas outras empresas de sondagens: empate entre a coligação e o PS.
Terceiro, o que me parece mais relevante: a actualização coincide entre o momento actual e a fase em que António Costa era o "salvador" da pátria socialista. Entretanto, nestes oito meses, passou do estado de graça para o estado sem graça.
Ao contrário, PSD e CDS passaram do estado da desgraça para a esperança. "Afinal é possivel ganhar".
Estas são circunstâncias que podem mudar. No entanto, o que estes dados, no presente, realçam é uma forte inversão das tendências entre os dois maiores blocos partidários (mais ainda quando existe uma relação de proporcionalidade directa) e isso tem imenso peso na comunicação politica.
Em primeiro lugar a nível interno. António Costa avançou para a liderança do PS na sequência das Europeias porque "a vitória do PS soube a pouco." Agora, podem por em causa o argumento justificativo da crise entre os socialistas. Por outro lado, quem andava a resmungar às escondidas tem hoje um brilhozinho nos olhos - "ainda dizia ele que ía ganhar com maioria absoluta!" Por outro lado, a motivação dos militantes e simpatizantes esfria. Alguns começam a interrogar-se: "afinal não vamos lá com o Costa"?
Mesmo em termos discursivos, a nível externo, começa a ser mais dificil de afirmar o objectivo de se querer uma maioria absoluta. E isto aparenta ter efeitos nos indecisos (e voto útil), já para não falar nos que não avançam de forma publica porque duvidam que, afinal, o PS chegue ao poder.
Ao contrário, a coligação passa para o renascimento. Dá força, cria expectativa e muitos que se auto-silenciavam começam a defender publicamente a obra deste governo.
A quatro meses das eleições este é um movimento que pode gerar uma dinâmica dificil de inverter.
A experiência democrática tem tido alguns exemplos. O caso mais evidente foi a gestão política dos governos de Cavaco Silva com maioria absoluta. Perdia as autárquicas, remodelava o executivo e entrava num periodo de recuperação até às Legislativas.
- Reacção do líder do PS: "António Costa diz que importante é vencer as eleições"
Está a ficar estranho.
Parece coisa de amadores. Não o são. Passos Coelho, Paulo Portas e António Costa são experientes e, aparentemente, com uma excelente gestão política.
No entanto:
- a coligação já deu "garantias" mas não se sabe nada do que defende no futuro.
Apenas o que não quer.
Nem existe o logo ou qualquer outro material de comunicação.
No site do PSD o lema é ainda o cartaz antigo - "Acima de Tudo Portugal".
Partilha a atenção com outras assinaturas - "Portugal no caminho certo" e, ainda, apresentam um teaser do tempo de antena do dia 17 já com o logo da coligação "Portugal à Frente".
No site do CDS também não há qualquer novidade sobre a coligação. Apenas uma foto de Passos Coelho e Paulo Portas e a home é identificada pelo browser com "Portugal é Capaz".
- Por sua vez, o PS de António Costa tambérm revela uma agenda errante.
Há pouco mais de uma semana, no encerramento da Convenção, disse que "o emprego é a prioridade das prioridades". No entanto, onde está a agenda sobre o emprego para dar continuidade à aposta que traçou?
Nesta semana falou sobre TAP, sobre emigrantes que se devem recencear, sobre TAP e sobre um relatório acerca do estado actual da saúde. A última iniciativa, hoje, foi uma reunião com autarcas do PS. Para falar sobre emprego? Não.
A agenda tem de ser repetida, tem de ter um curso, tem de ter pseudo-acontecimentos para direccionar a comunicação para os temas relevantes. Nada disto.
Com uma particularidade sobre a qual tenho a maior das dúvidas: no último mês António Costa e outros dirigentes do PS têm feito críticas fortes ao Presidente da República. Não é ele o adversário político do PS. Se essas criticas servissem de pretexto para criticar o Governo. Nem isso.
PS e PSD andam entretidos a condicionar a agenda.
O PS anunciou prematuramente a data da Convenção. Deu trunfos ao PSD e CDS que tentaram antecipar o seu calendário.
O PS percebeu o erro e intercalou a apresentação das suas propostas, antecipando, por sua vez, a agenda à coligação.
O PSD voltou à carga. Nesta semana criou um pseudo-acontecimento com as garantias com o único objectivo de tentar condicionar a Convenção do PS.
Mal terminou esta iniciativa o PS colocou o programa eleitoral no seu site e procurou dar visibilidade através dos media. Logo a seguir.
Terminada a Convenção, na manhã de domingo, a ministra das Finaças anuncia que vai antecipar o pagamento de dívida ao FMI.
O curioso é que a transferência de Jorge Jesus para o Sporting anulou este jogo do gato e do rato. Nem garantias nem programa do PS. Uma devastação.
A seguir foi a noticia sobre a eventual prisão domiciliária de José Sócrates.
Conclusões:
- ainda estamos muito longe dos media darem grande relevância ao jogo eleitoral (se vão dar)
- a politica nacional não dá audiência.
- a agenda da imprensa que funciona como watchdog é mais eficaz e tem um efeito tremendo. Ontem o Correio da Manhã destacava os negócios de Lello. Hoje fala dos rendimentos de Marco António. Os indecisos e abstencionistas, os alvos preferenciais da comunicação do PSD e PS, assim, vão continuar muito distantes.
A sondagem da Aximage publicada hoje revela os (poucos) estragos da declaração de Maria Luis Albuquerque sobre o corte nas pensõs.
Muito menos do que o esperado (esperemos pelo estudo da Eurosondagem).
O PSD agitou-se para tentar consertar os estragos, Não admira.
Os reformados e pensionistas representam quase metade do eleitorado social democrata.
A participação de ministros das finanças em acções politicas, habitualmente, não correm bem.
Vejam casos anteriores: Catroga, Sousa Franco...Teixeira dos Santos
O prestígio está associado a valores de confiança. São eles que gerem o nosso dinheiro, que recolhem com os impostos. É como o banco onde depositamos as nossas poupanças: escolhemos em função dos atributos confiança e robustez.
O perfil dos responsáveis das finanças deve corresponder a esta imagem. Com cabelos brancos e um curriculum irrepreensível.
Quando eles entram no jogo político ou mantêm este perfil ou rompem através do facilitismo (e destroem a sua reputação).
No caso, Maria Luisa Albuquerque falou como ministra das finanças numa acção partidária de pré-campanha eleitoral. Não deu certo e criou imensas feridas.